Reality shows da TVI: O National Geographic da vida humana… mas com menos cultura
Ah, os reality shows da TVI. Esse fenómeno televisivo que é o equivalente a assistir a uma máquina de lavar roupa num ciclo infinito: faz barulho, gira para todos os lados, mas no final, a única coisa que sai limpa são as audiências da estação. É um espetáculo tão complexo que parece ter sido desenhado para testar os limites da paciência humana – e o estado dos nossos neurónios.
O elenco: Uma fauna diversificada
Para entrar num reality show da TVI, é preciso preencher requisitos muito específicos:
- Não saber conjugar verbos. O plural é um conceito opcional.
- Ter uma necessidade extrema de atenção. Pessoas normais tiram selfies, estas estrelas em ascensão precisam de câmaras 24/7.
- Gritar. Muito. Porque aparentemente, volume é sinónimo de argumento.
O mais fascinante? São pessoas que têm o carisma de uma torradeira, mas a autoconfiança de um Elon Musk. Eles entram na casa a dizer: “Quero mostrar quem realmente sou.” Spoiler: ao fim de dois dias, já estamos a rezar para que nunca mais nos mostrem nada.
Os dilemas profundos: Nutella e barracas
Estes programas são um estudo de antropologia inversa. Se Darwin tivesse assistido a meia hora de um reality show, teria rasgado a teoria da evolução. Os dilemas emocionais são profundos:
- “Quem usou a minha colher para mexer o café?”
- “Tiraram-me o lugar no confessionário!”
Shakespeare não faria melhor. Na verdade, provavelmente enterrava-se mais fundo só para garantir que nunca ouviria estas frases.
E claro, o grande momento: a barraca do dia. Uma boa discussão sobre quem deixou o frigorífico aberto ou quem tocou na almofada errada é o equivalente, para os reality shows, a um golaço na final da Liga dos Campeões.
A audiência: Um mistério nacional
Quem são estas pessoas que assistem religiosamente? São as mesmas que dizem: “Eu só vejo para me rir.” Certo. E eu como bolo de chocolate só para garantir que a faca corta bem. Depois há os filósofos do comportamento humano, que juram estar a analisar o “microcosmos social.” Claro, nada diz “análise profunda” como um grupo de adultos a debater se o peixe do aquário está deprimido.
Porquê continuar a assistir?
Porque, sejamos honestos, os reality shows da TVI são como aquele acidente na autoestrada: tu não queres olhar, mas olhas. E quando dás por ti, já estás a discutir no grupo do WhatsApp se a Cláudia tem razão ou não em chamar “nojenta” à Ana por causa de uma toalha molhada.
No final, o reality show não é o que está na televisão. É o que acontece connosco quando percebemos que passámos horas a ver este circo, enquanto a vida lá fora continua – com contas por pagar e uma máquina de roupa por estender.