Portugal está, mais uma vez, perante uma crise de proporções bíblicas. Não, não é o aumento das rendas, nem os preços da gasolina que parecem definidos pelo Harry Potter num dia mau. O verdadeiro problema que ameaça rasgar o tecido social português é… um prato de frango.

Segundo fontes próximas da indignação, uma associação nacional exigiu que o prato “Frango à Maricas” seja banido dos cardápios e das ementas de todos os restaurantes, alegando que a expressão pode ser ofensiva para a comunidade LGBTQ+. Porque se há coisa que realmente ameaça os direitos humanos, é um pedaço de frango marinado.

Frango à quê?

Para os leitores que passaram os últimos anos a viver numa gruta (ou no Porto sem contacto com a gastronomia lisboeta), “Frango à Maricas” é um prato tradicional feito com frango assado, geralmente marinado em limão e ervas, servido muitas vezes com batatas e um copo de vinho para engolir a piada involuntária do nome.

Agora, segundo os especialistas da Ofensa Contínua, o nome é antiquado, opressivo e um atentado aos valores do século XXI. Dizem que associar um prato de frango a uma palavra que já foi usada de forma pejorativa não é aceitável. E perguntamos nós: e agora, o que vai acontecer? Vamos ter de rebatizar o “Pito no Chão”? “Pato à Masculinidade Frágil” passa a ser uma opção válida? E o “Bife à Parmegiana”, que claramente discrimina todos os veganos de Parma?

O perigo dos nomes culinários

A gastronomia portuguesa está, neste momento, a atravessar um momento difícil. Se “Frango à Maricas” cai, quem será o próximo? O “Bacalhau à Lagareiro”, que claramente não tem em conta as condições laborais dos trabalhadores dos lagares? O “Pica-Pau”, que pode ser ofensivo para os defensores dos direitos dos pássaros? O “Arroz Malandro”, que perpetua estereótipos negativos sobre arrozes que só querem viver a sua vida sem serem julgados?

O grande dilema agora é encontrar um nome alternativo que agrade a todos. Algumas sugestões já surgiram nas redes sociais, como:

  • Frango à Sensível (para os que não querem ferir susceptibilidades).
  • Frango à Empático (porque um frango deve respeitar todas as identidades).
  • Frango à Já não se pode dizer nada (um clássico para os nostálgicos do politicamente incorreto).

A verdadeira tragédia

O pior desta história não é o possível cancelamento de um nome de prato. O verdadeiro drama é que, no meio de tudo isto, ninguém se lembrou de perguntar ao frango o que ele acha de tudo isto. Quem nos garante que ele não se identifica como um cis-frango com inclinações vegetarianas? Ou que, no fundo, o que sempre quis foi ser um peru?

Seja como for, uma coisa é certa: num país onde a corrupção grassa, a saúde está em pantanas e os ordenados parecem trocos de um café, a luta mais urgente continua a ser… nomes de pratos. Portugal, estás bem?

Share.